Opinião Política – Alexandre Nascimento (Partido Aliança)
Maus alunos
“… esta atitude do BE é bem reveladora de um autêntico desprezo pelas instituições democráticas e, mais ainda, por aqueles que deviam representar, os seus eleitores.”
Conhecemos todos aquela regra escolar que responsabiliza os alunos que não comparecem às aulas, penalizando-os com faltas. Sabemos que os que o fazem de forma reiterada incorrem no risco de reprovar por faltas. Sabemos, também, que os que reprovam por faltas são, com raríssimas exceções, os desinteressados, os irresponsáveis ou, pior, os desrespeitadores das regras. No fundo… os maus alunos.
É um jogo de dar e receber, um processo de troca… relações de compromisso.
Também na política devia ser assim! Cada vez mais.
Segundo julgo saber, o deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda (BE), em Mafra, adotando uma atitude muito pouco digna, apenas por uma vez cumpriu as suas obrigações e participou num plenário da Assembleia Municipal (AM). Ora, sendo este o órgão mais importante na vida política de uma autarquia e aquele que, verdadeiramente, representa todos os munícipes, esta atitude do BE é bem reveladora de um autêntico desprezo pelas instituições democráticas e, mais ainda, por aqueles que deviam representar, os seus eleitores.
No seu programa eleitoral às eleições autárquicas de 2017, o BE fazia saber que “…é importante afirmar o compromisso do Bloco de Esquerda na promoção da divulgação de toda a informação e a transmissão e disponibilização dos conteúdos das reuniões dos órgãos das autarquias locais”. A questão é – como é que o BE consegue divulgar informação e disponibilizar aos cidadãos de Mafra os conteúdos das assembleias municipais se nem sequer assume a responsabilidade de participar nas mesmas?! Demagogia política!
“Não deixamos ninguém para trás.”, diziam eles neste mesmo manifesto eleitoral e também em inúmeros outdoors espalhados pelo País. Pois bem, o BE de Mafra deixou para trás quase 5% dos mafrenses que, goste eu ou não, lhes deram o seu voto para a AM por acreditarem nas suas propostas. É que, tendo conseguido eleger um deputado municipal, e ao contrário do que se passou com outras forças políticas, o Bloco de Esquerda de Mafra nunca assumiu o seu lugar na AM. Foram quase 1600 votos deitados ao lixo e que não serviram para absolutamente nada. Os eleitores que neles votaram não têm representação política no nosso concelho, há quase 4 anos. Pode ser que, para a próxima, pensem 10 vezes antes de dar o seu voto a esta gente.
“O Bloco quer ser uma força decisiva para a abertura de um novo ciclo autárquico.”, afirmava ainda o BE no seu manifesto programático. De facto, cumpriram! Gostemos ou não, é, de facto, um novo ciclo. Um ciclo estranho… mas novo. É o ciclo autárquico em que aqueles que o povo escolheu para os representar não assumem as suas responsabilidades e, pura e simplesmente, não comparecem ao debate público e não cumprem as suas obrigações. Sim… obrigações, meus senhores! É que isto de ir a votos não é só para aparecer e fazer demagogia. Em democracia ganha-se e perde-se. Mas, claro… era preciso que V. Exas. entendessem o que é essa coisa que tanta confusão vos faz… a democracia!
São maus alunos. Por mim, chumbavam por faltas!
Alexandre Gomes do Nascimento
Vice-presidente
Partido ALIANÇA
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